"REBOCADOS PELO JEEP DA RONDA P.A. "

06-12-2009 00:00

 

                                          CIDADE DA BEIRA

                                                      Centro

                                               Farol do Macuti                             

REBOCADOS PELO JEEP DA RONDA P.A. "

Praia do Macùti, Dezembro de 1963.


Depois de passarmos uma excelente tarde, a dar uns mergulhos nas águas cálidas do Oceano, decidimos, os "3 Mosqueteiros", que afinal eram 4, ou seja, o "Careca", o "Barão, o Jorge Gaspar e eu "Bolinhas", ir até à Cidade da Beira, nos refrescar "por dentro", com umas deliciosas imperiais.


Como, também, tínhamos fome, escolhemos um daqueles restaurantes "monhés", que pela módica quantia de 5 "quinhenta" (2$50 escudos moçambicanos), nos traziam uma imperial acompanhada de uns pratinhos de aperitivos, que iam do gostosíssimo camarão, pedacinhos de carne cozida com molho picante, carapauzinho frito, até aos amendoins e tremoços. E depois, ao pedir a conta ao criado indígena, com a promessa de mais "um quinhenta", comíamos mais uns pratitos à "borla".


Depois de este "pantagruélico" jantar, que invariàvelmente, se repetia depois do dia 10 de cada mês, concordamos em ir ver uma sessão de "cow-boys e indios", no Cinema S. Jorge.


Claro, que estes filmes da época, terminavam sempre com a chegada do 7° de Cavalaria dos Estados Unidos, a tempo de salvar os bons "cow-boys" e pôr em debandada os maus indios ... ou então, no fim, o rapaz casava com o cavalo !


Como estava calor e tínhamos sede e já estávamos "tesos", fomos dar uma vista de olhos pelas esplanadas, à procura de um camarada mais abastado, para, com umas palmadinhas nas costas e muita "graxa" à mistura, nos pagar uma ou duas imperiais, a dividir irmãmente por nòs.
Chegada a hora de ir apanhar o "machimbombo" (autocarro) para regresso à Base, sò jà là estava um, cheio e ... empanado !


Como fomos os últimos a chegar e não tínhamos lugar, decidimos "dar corda aos tamancos" e fomos estrada fora, na esperança de encontrar uma alma caridosa, que àquela hora tardia da noite, fosse para os lados do Aeroporto Civil.


Lá íamos, cantando e rindo (onde foi que eu jà cantei isto ?), com alguns palavrões à mistura, contra o autocarro e o RDM, que nos relega sempre, nòs os soldados, para o fim, quando vimos, no outro lado da estrada e à saída da cidade, um carro, conhecido nosso, estacionado à porta de um Bar. Entrámos e vimos, a um canto da sala, o Sarg. PA Amaral, acompanhado de três beldades locais (brancas, sò nos dentes), em franca convivência.


Depois de mais umas imperiais fresquinhas (Dezembro é muito quente), o Sarg. Amaral, sempre elegante no seu bigode "à Don Quixote", propôs acompanhar as "donzelas" ao Bairro Colonial e Indigena da Manga e também, nos "desenrascar", ao mesmo tempo. Là entramos todos no seu "bólido", as senhoras no banco traseiro, ao nosso colo, mas com os solavancos e trepidações da viatura, aqueles corpos quentes, encostados aos nossos e sempre num vai-vem, estavam a causar estragos... na viatura, que passados uns míseros kilometros, começou a soluçar e parou... com falta de gasolina!


O Sargento correu ao cofre, buscar o bidon de reserva, onde restava um pouco mais de meio litro de "kérosène" (das D.O's da Deta), que não dava para nada, para aquele "bólido" a "beber" 16 l/100 Kms !!
Alguém alvitrou, genial ideia, de meter 2 "Manicas" (cerveja de Moçambique em garrafas de litro), no depósito, para misturar com o combustível de aviões ...


E, para surpresa nossa, essa moderníssima máquina (Peugeot ou Simca, não me lembro bem), que arrancava à manivela, arrancou logo à primeira volta desta no motor, para fazer... uns miseráveis 10 metros !!!, e ficar-se por ali.


Mas (hà sempre um mas), apareceu o "jeep" da Ronda P.A., que recolhia à Base, e nos rebocou até à porta da nossa Unidade.


Estávamos, todos eufòricos a festejar a nossa sorte, quando o Sargento da Guarda, 2° Sarg. Garcia, teve a "triste" ideia de nos pedir as respectivas "Dispensas de Recolher", que não tínhamos.
Resultado desse dia, que começou muito bem e terminou menos mal; apresentar-se na Barbearia da Base, às 8h00, para uma "carecada", onde sò se safou o "Careca", mas teve que ir "voluntariamente" incorporar-se no Pelotão de trabalhos manuais (corte do capim).

E assim, se passou um dia de descanso, na Cidade da Beira em Moçambique...

 

 

 


 Carlos Oliveira (Bolinhas)
1° Cabo PA/TTCG
Secção "Cães de Guerra"
BA 10 - 1963/1967

 

 

 

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